quarta-feira, 23 de março de 2011

Pensamento

‎'What greater lesson
Can a Human Being learn
Than to guide his words and actions
To be considerate
Of the needs and feelings
Of all the other occupants
Of this world.....' -Javan


terça-feira, 15 de março de 2011

Lado B

Posiciono-me no lado B das coisas
Minha ótica é voltada aos elementos menos óbvios
Àquilo que todos conhecem e que por comum acordo
Ignoram
Caminho vez ou outra por palácios,
Mas fatalmente termino em pocilgas e becos
Eu que vilipendio o discreto charme da burguesia
Enoja-me a pompa abestalhada dos dândis em seus carros possantes
E a afetação canhestra das ladys cobertas de enfeites
Deploro o mármore imaculado das igrejas;
Suas colunas adornadas de ouro;
Seus candelabros forjados em prata
E seus ministros mergulhados em luxo.
A pobreza e a sujeira não me afastam;
Me indignam!
Odeio o padrão, o consagrado, o paradigma
Se o clássico fosse absoluto não teria se tornado ruínas
Gosto do delírio, da inexatidão, da dúvida
Quero valores não encerrados, inconclusos
Não tenho medo de admitir
Que talvez algumas perguntas
Simplesmente não possam ser respondidas
Por mais que tentemos
E que certas constantes
Não se submetem a fitas métricas e balanças
Não importa o tamanho que tenham
É até melhor que assim seja
Porque desconfio de soluções em excesso
Todas as questões resolvidas nos remeteriam
Fatalmente a uma nova dúvida:
E se estivermos errados?
Portanto a imprecisão é minha aliada
Que caminha ao meu esquerdo lado
Em qualquer exatidão há o princípio da incerteza
Aprecio o espalhafatoso, o espetaculoso, até mesmo o brega
Contrastes gritantes e cores berrantes são meu lema
Há em qualquer nonsense uma dose cavalar de realidade
Uma realidade mais peculiar do que aquela
Descrita pelo mais estóico dos filósofos
Sonhada pelo mais insano dos poetas
Mulher se conquista com flores
A mim se seduz com o novo
Sou definitivamente pelas minorias
Também pelas maiorias silenciosas
Sou aquele que dá as costas ao pôr-do-sol
A fim de esperar a noite nova
A possibilidade do conforto para todos
Está comprometida pelo luxo de alguns
Por isso sou incondicionalmente pelos pobres
Não acredito em fracos, mas sim em oprimidos
Quero esvaziar conceitos
Reexperimentar sentidos
Aniquilar ídolos
Pois percebi que os valores carecem de efetividade
Acontece de uma canção de bordel por vezes
Ter mais propriedade que uma valsa vienense
Fascina-me profundamente o amoral
E mais ainda o imoral
Admiro os seres que se dedicam ao prazer
Sem o menor vestígio de culpa
Amo aqueles que amam loucamente
Um, dois, três – não importa
Quem, no deleite, ousará contar quantos parceiros
Gozam em igualdade na mesma cama?
Cativo as paixões humanas calorosamente
Aprecio a embriaguez da razão
Quero atirar meu superego pela janela
Pois vivo plenamente para mim mesmo
Quero gritos, sussurros desmedidos
Quero declarações sem promessas e sem recibos
Venero mais do que tudo a criatividade
A arte espontânea, sem aval de academias
Fomento perguntas inconvenientes, certamente
Aliadas a respostas sem sentido
Posiciono-me no lado B das coisas
Na dimensão das regras que se rompem
Nos domínios da imaginação e da folia
O próprio universo nasceu d’uma explosão
E a entropia é como a sombra que comigo caminha.

(Akira Riber Junoro. Coquetel Maiakovski. 13h31. 26/10/04)

sexta-feira, 11 de março de 2011

A Lucidez

Lucidez é um dom e um castigo.
Está tudo na palavra: lúcido vem de Lúcifer, o arcanjo rebelde, o demônio.
Mas também se chama Lúcifer a estrela Dalva, a primeira estrela, mais brilhante,
última a se apagar.
Lúcido vem de Lúcifer e Lúcifer vem de Lux e Ferous,
que significa aquele que tem luz,
gera luz e que traz a luz que permite a visão interior.
Bem e Mal, tudo junto.
Prazer e dor.
Lucidez é dor...
O único prazer que se pode conhecer,
o único que se parecerá remotamente com a alegria,
é o prazer de estar consciente da própria lucidez.